sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Velhice







                                                
                                                 
                                                                                                     
O que restará na nossa velhice?
Entre agulhas de tricô, jornais e baralhos,
Vejo imperando, maior que tudo,
O silêncio!

O futuro já feito, dispersado.
O passado ressuscitado
Me faz companhia,
E o presente...
Esta ausência do diálogo...

É o conviver constante com o tempo
Que ocupa todos os espaços
E decide não mais sair do lugar,
Prolongando o tique-taque do relógio.

Ah! O que me assusta
Não são as rugas,
O corpo arqueado,
E o espelho denunciando
Uma terceira pessoa em mim.

O que me inflama
É a eterna busca
Do aconchego,
Do murmúrio de palavras
Que trazem o eco do outro,
Do estalo das risadas
Ferindo o ar.

É o estar só em meio ao povo,
É cada um buscando um lugar
Longe
Para não ter de dividir palavras
E deixar os ouvidos de plantão.

O que me assusta na velhice
É o isolamento,
A falta de acasalamento,
É o ensaio para a solidão derradeira!

2 comentários:

  1. Puxa... Muito bom memso, viu? Bom & bom! Quem não se assusta com o que estar por vir? Mas não conhecemos ainda e nem sabemos como lidar até que o desconhecido se revele em nosso dia a dia...
    Adorei e já linkei esta tua página lá no meu espaço.

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  2. Obrigada pelo carinho e atenção, Cris. Beijos.

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