sexta-feira, 14 de março de 2014

Dia da poesia - 14 de março


                                          




















            Há quem faça da vida uma constante poesia. É o caso dos sonhadores por 
exemplo. E há quem faça da poesia uma constante na vida. Esses são os poetas, também sonhadores, que buscam, por meio da arte de poetar, retratar seus anseios e os alheios, ou mesmo trabalhar a palavra nas metáforas, jogo de sons, rimas, recursos visuais e tantas outras maravilhas que compõem, hoje, o que chamamos de universo poético.
            O poeta é um ser inquieto. Inquieto com tudo que o circunda. Incomoda-o a injustiça social, a violência mundial, a política descomunal... Por isso, ele canta, não só as suas dores, os seus clamores, como também os do mundo e, dessa forma, o poeta encanta.
            O poeta é um lutador. Luta com as palavras que muitas vezes o atropela, na ânsia por aquela que melhor reflete a sua verdade. “Lutar com palavras/ é a luta mais vã/ entanto lutamos/ mal rompe a manhã"... Carlos Drummond de Andrade.
            Não é necessário ser poeta para perceber a existência da poesia nas coisas, nas pessoas, no tempo... A poesia está relacionada à emoção, embora, João Cabral de Mello Neto, considerado um poeta seco, ter dito que não precisava e nem achava necessária a emoção para compor seus poemas.
Para entender o poeta é necessário ter olhos de poeta: “Quando um leitor diz ao poeta que não entendeu o que ele quis dizer com o seu poema, é porque um dos dois é burro”. Mário Quintana.
            Por isso, o poeta também “é um fingidor. / Finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que, deveras, sente”. Fernando Pessoa.
 Alguns poetas têm uma fonte de inspiração peculiar. Augusto dos Anjos, por exemplo, tornou-se conhecido como o poeta que cantava a morte, a degradação do ser humano como corpo que apodrece com o fim da existência; já, Carlos Drummond de Andrade se firmou como o poeta que cantava a vida, as coisas, a pedra, o urbano.
            A trajetória do ser humano é composta de emoções, por isso, nossa vida é uma constante poesia encontrada na música, nas artes, nos acontecimentos alegres e tristes que nos rodeiam.
            Observem uma mulher grávida. Ela difere de uma mulher gorda. A barriga de uma gestante nos emociona pelo seu interior. Assim também é com a poesia. É preciso ver a essência.
            Enfim, seja lírico, sonetista, modernista, concretista, cordelista ou trovador, o poeta é multifacetado e consegue fazer da palavra uma obra de arte e, da poesia, o ar que ele respira.

            “Se o poeta é o que sonha o que vai ser real,
          bom sonhar coisas boas que o homem faz
         e esperar pelos frutos no quintal.”(Coração Civil – Milton Nascimento e Fernando Brant)

            E viva a poesia!


quarta-feira, 12 de março de 2014

A Biblioteca e o profissional Bibliotecário

                                                                                     
            

Houve um tempo em que se percorria mais assiduamente os corredores e o silêncio da biblioteca. Adentrar nela era o mesmo que penetrar num ambiente mágico. A parada nas estantes à procura de algum livro de pesquisa, muitas vezes, fez os olhos do leitor descobrirem outros livros estendendo a viagem e a permanência naquele ambiente aconchegante e prazeroso. Ter acesso a uma biblioteca dava uma sensação de importância, pois cultura e sabedoria ali caminham de mãos dadas.
            A biblioteca foi criada para atender às necessidades reais da civilização moderna e, hoje, é uma instituição indispensável ao mecanismo social. A cultura tem de transcender o indivíduo, pois, constitui-se essencialmente de um acúmulo social da experiência por meio do qual os membros de cada geração possuem, pelo menos potencialmente, tudo o que seus predecessores já aprenderam.
            Os livros são um dos mecanismos sociais para a preservação da memória racial, e a biblioteca é um aparelho social para transferir isso ao consciente dos indivíduos. Qualquer interpretação de uma sociedade tem de incluir uma explicação desse elemento social e da sua função na vida comunitária. Assim, surge a Ciência da Biblioteconomia, hoje, Ciência da Informação, tomando o lugar que lhe cabe entre os fenômenos a serem discutidos no conjunto das Ciências Sociais.
            O fascínio pela leitura nasce da proximidade com os livros desde a infância. Folheá-los, sentir o cheiro das folhas, admirar as ilustrações e, sorver, qual um cálice de vinho, todo o seu conteúdo, se deliciando com cada capítulo, cada passagem, fazem com que o leitor se esqueça do lugar onde se encontra, tamanha é a concentração que o ambiente da biblioteca proporciona. O contato físico com os livros e a paixão pelos mesmos foram tão bem definidos por Clarice Lispector no conto “Felicidade Clandestina”, no qual muitos leitores, com ela, se identificam.
            Alguém já disse que o livro nos permite efetuar várias viagens sem que precisemos sair do lugar, pois uma leitura bem apreciada consegue fazer com que nos tornemos personagens da história, vivendo e nos emocionando com ela, além de adquirirmos os conhecimentos necessários que nos proporcionam discursar, com propriedade, sobre alguém ou algum acontecimento.
            Tal qual Miguel de Montaigne que teve uma existência quase monástica, Machado de Assis não teve necessidade de largar o remanso do Cosme Velho para viajar por meio dos livros e fixar a paisagem humana do Rio de Janeiro do seu tempo em suas obras clássicas; o mesmo se deu com Júlio Verne que não precisou morar em um submarino para escrever suas aventuras marítimas.
            “Para conhecer a vida nada há que valha a leitura de um grande livro, pois os homens de ação vivem a vida intensamente e, já os contemplativos (os leitores) constroem, no plano da ficção, a vida que não saberiam, ou não poderiam viver”.  Eduardo Friero
            O bibliotecário é o administrador dos arquivos culturais da sociedade. A responsabilidade que ele assume com o seu ofício é explorar esses arquivos para o enriquecimento cultural de sua sociedade no melhor da sua habilidade. Junto a qualquer leitor, o bibliotecário deverá ajudá-lo a chegar a um método efetivo para atingir seu objetivo particular, salvaguardando da perda de seus esforços em atividades que são inúteis – biblioteconomia, economia de esforços na busca de conhecimentos – com relação ao próprio desejo do leitor.
            Um equívoco constante é acreditar que o bibliotecário abarca o acervo total da biblioteca que administra. É obviamente impossível para qualquer indivíduo apreender o conteúdo dos inúmeros materiais bibliográficos lendo-os de capa-a-capa. O bibliotecário, em sua capacidade profissional, deve esforçar-se para ler acerca dos livros mais do que conhecê-los diretamente. O seu estudo básico é a história bibliográfica. Ele não é apenas um indicador do livro nas prateleiras e, sim, um historiador em potencial. A ele, cabe conhecer, não apenas a sociologia, a psicologia especializada, mas também, um tipo especial de ciência histórica.
            Além de todas as questões a serem refletidas sobre a biblioteca e o bibliotecário, ainda há as demandas advindas com a rapidez da tecnologia, bibliotecas virtuais, internet e redes de informação computadorizadas, ao mesmo tempo em que amplia a sua atuação, uma vez que a informação está presente em todas as instituições e lugares de conhecimento da sociedade contemporânea.

            “É precisamente a atividade criadora do homem que faz dele um ser projetado para o futuro, um ser que contribui para criar e modificar seu presente”. Vygotsky, 1982.
 
                                                                                         
Fátima Soares Rodrigues – Escritora e
Isabel Cristina Gomes Soares – Bibliotecária da PBH